Criada em Goiás, morre uma das onças-pintadas mais velhas do mundo

A ONG Nex No Extinction, localizada em Corumbá de Goiás, anunciou na terça-feira, 17, a morte de Sansão, uma das onças-pintadas mais velhas do mundo criadas em cativeiro. Com 25 anos de vida, o felino superou a expectativa média de sua espécie, tornando-se um verdadeiro símbolo de resistência e cuidado animal sob tutela humana.
O anúncio foi feito nas redes sociais da organização, que lamentou a perda. Em um trecho da nota oficial, a equipe destacou: “Nos despedimos hoje do nosso amigo de alma, do nosso grande guardião. Por 25 anos, Sansão esteve conosco — mais do que um animal, ele foi história, símbolo e presença. A onça-pintada mais velha do mundo… e, para nós, a mais especial que já existiu”. A causa da morte foi natural, resultado do avançado estado de idade e de um longo processo de envelhecimento acompanhado de perto pela equipe técnica.
Sansão nasceu em 2000, no Zoológico de Brasília, mas enfrentou dificuldades logo nos primeiros dias de vida. Por não conseguir ser amamentado pela mãe, ele precisou receber cuidados especiais ainda filhote. Foi então transferido para o Nex, onde viveu toda a sua trajetória, sempre acompanhado de suas irmãs Dalila e Carlota. A instituição, fundada por uma família do Distrito Federal, nasceu justamente para acolher grandes felinos em situação de vulnerabilidade, como ferimentos graves, riscos de morte ou vítimas do tráfico de animais.
Segundo o Nex, para garantir que Sansão pudesse continuar convivendo com as irmãs sem riscos de reprodução, a equipe veterinária realizou nele uma vasectomia, já que, na época, a entidade ainda não possuía autorização legal para a reprodução de onças-pintadas em cativeiro. A medida evitou a separação do trio, garantindo que os laços familiares fossem preservados.
Embora na natureza a expectativa de vida de uma onça-pintada varie entre 10 a 15 anos, em cativeiro esse número pode chegar a 17 ou até 20 anos, graças ao acompanhamento veterinário contínuo, alimentação balanceada e ambiente controlado. No entanto, chegar aos 25 anos, como fez Sansão, é um marco sem precedentes. Até o momento, não há registros oficiais de outra onça-pintada viva com idade semelhante sob cuidados humanos.
Com o passar dos anos, os sinais do envelhecimento tornaram-se visíveis. Conforme detalhou a ONG, Sansão começou a apresentar limitações físicas e sensoriais típicas da velhice. “Com o avanço da idade, Sansão começou a manifestar sinais típicos do envelhecimento, como dificuldades de locomoção, catarata com perda de visão e diminuição da audição. Para garantir sua qualidade de vida, diversas ações foram adotadas — desde o uso de medicações específicas até adaptações no recinto, visando maior acessibilidade e segurança”, informou a instituição.
O momento da despedida foi marcado pela presença emocional dos cuidadores. Segundo o Nex, Sansão morreu “em paz, sem dor e acolhido”, no colo de Silvano Gianni, um dos fundadores do projeto. O vínculo entre o animal e a equipe que o acompanhou por tantos anos era evidente, resultado de uma convivência diária baseada em cuidados, atenção e afeto.
Fundada no início dos anos 2000, a Nex No Extinction começou suas atividades com o objetivo inicial de abrigar apenas uma onça-parda proveniente do Zoológico de Brasília. No entanto, ao longo dos anos, a missão da ONG se expandiu consideravelmente. Hoje, a organização é referência no resgate, reabilitação e cuidado de grandes felinos no Brasil. Mais de 70 onças-pintadas já passaram pelo local, muitas delas vítimas de armadilhas, caçadas ilegais ou tráfico de animais silvestres.
Além de oferecer um lar seguro para os animais resgatados, o Nex também desenvolve ações de educação ambiental e participa de projetos de conservação, sempre em parceria com órgãos oficiais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Fonte: Jornal Opção